quem é o maldito atrás do vidro cromado?
que se esconde de mim
e se revela assim, triste e inconformado?
quem é que sabe a verdade por trás desses olhos tristes?
quem é que viu a verdade?
na realidade, será que ela existe?
quem viu o flagelo da história que nunca foi contada?
quem estava lá pra assistir?
me vejo assim, escondendo, enterrando e a mantendo guardada
sabe-se lá, se algum dia alguém poderá a ouvir
existe alguém por ai?
queria que fosse em ti, que eu encontrasse razão de existir
o que esse maldito fez pra me separar de mim?
o reflexo que vejo no vidro
puro desequilíbrio, vestígios sempre do fim
queria que fosse você, que é toda a história
que estivesse sempre aqui
mas no final o que vi, os ponteiros, o relógio e as horas
passou-se o tempo, em anos a vida inteira?
e carrego pra sempre
e finalmente, os calafrios da hora derradeira
quem é que se esconde atrás do olhar do espelho?
que me disseca
e sem nenhuma pressa, me dá sempre o mesmo conselho
espera
espera
espera
que do alto virei para ti
descansa
descansa
descansa
farás parte do todo de mim
e por fim revelada a história
sem mágoas então saberás
terás, por fim a vitória
mas ando na terra, e continuo a perguntar:
por quanto tempo?
e isento, Ele continua a falar:
Espera... descansa...
em breve não haverá mais o tempo
viva por esse alento, e por fim também como herança
e me calo, como me calo agora
e depois, amanhã, eu não sei
Saberei? Apenas no tilintar da última hora
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