Amor que é amor
erra querendo acertar
erra por simples errar

Amor que é amor
não cansa de perdoar
perdoa mesmo ao cansar

Amor mesmo
não consegue se irritar
e nem ainda se irrita de tanto amar

Amor que é amor
sabe não ser compreendido
e compreende mesmo quando não entendido

Amor será que é humano?
Será só humano?

Amor que é amor
sabe conviver com a dor
pois para o amor nada disso faz sentido
pois para o amor dor faz crescer em amor

Para o amor
as coisas são assim como são pra você
São a singelesa complicada
em um olhar-sorriso descomplicada
no meu peito sua cabeça recostada
em um turbilhão de respostas sua boca calada



Na verdade o amor
não é pedra preciosa
Na verdade o amor
é cimento, areia e aço

Na verdade o amor
não é ouro ou pedra preciosa
nos jardins ele é terra
nunca é rosa

Na verdade o amor
não é fachada nem altar
É base, é profundo
é alicerce, é pilar

Na verdade o amor
não é pedra preciosa
que apenas serve para si adimirar
É cimento, areia e aço
que após os terremotos
teima em não se quebrar

É cimento, areia e aço
que mesmo após as tormentas
e perdendo algum pedaço
está sempre firme
pronto pra outras enfrentar

Não, não é joia preciosa
que caiem logo após o primeiro tremor
É cimento areia e aço
é concreto, suporta toda dor

Não, não é rosa
orquídeas, violetas e margaridas
É chão, é terra
é sustentador da vida
É o remédio amargo
dolorido, que cura toda ferida

Verdadeiramente
pouco o amor tem de belo
Pelo menos nesse mundo de aparências
porque é nele que se encontra
as verdadeiras essências
É nele que ainda repousa
minha alma em paciência
Procurando um dia ainda encontrar
um lugar calmo para poder descansar
É dele que brotam outras coisas
que servem para me adornar
É nele que faço afrescos de seu rosto
para todos os dias recordar

Ah quem me dera!
Ter uma casa só de concreto
e do que é concreto fazer moradia

Ah quem me dera!
Ser do amor por completo
e que todas as minhas noites fossem dias

Ah quem me dera!
Viver num mundo sem aprência
onde o precioso fosse o concreto

Ah quem me dera!
Sair desse mundo em decadência
onde o precioso é o objeto

Ah que me dera!
Viver num mundo sem rosas e flores
que se passassem por verdadeiras

Ah quem me dera!
Viver com verdadeiros amores
pois amor mesmo sem ser belo dura a vida inteira





Não importa a maneira
Ou o método adotado
Importante é transformar
Em novo o usado

Até palavras que se perdem
Às vezes por não dizer
Tornam-se novas em outras em bocas
Sem jamais envelhecer

Como água mole em pedra dura
Que paciente talha a escultura

Como a terra
Para o artesão
Pó transformado em ouro
Pela sua mente e mão

E cada minuto usado
(que seja bem usado)
Para ser reaproveitado
Sem dor
Para que cada lembrança
Seja um fio de esperança
E uma dose de confiança
De um futuro melhor
E o bem seja reciclado e o falso rejeitado
Pois é o imperativo maior



A vida passa em um segundo
Um segundo tão extenso...
Que te amo e te largo
—te pertenço—

E passando vai em um milênio
Janeiro... ...Dezembro
Quanto tempo?!
Não me lembro

Corre! Espera!
Vai e volta,
E agora...
...O que importa?

Te lembro, me esqueço

E a cada tempo que passa
Passam mil histórias
Que duram apenas um segundo
---Tão extenso---
E não importa mais o que penso
Se um, dois ou três milênios
Se voltasse ou passasse mais um segundo
---extenso?---
Te esqueço, te pertenço



Nas sombras espúrias
Da minha memória
Onde jazem pensamentos esquecidos
Ali, sempre guardei seu nome esculpido

Naqueles escuros
Onde brilham apena espaças luzes
Vi a vida inteira, sem conseguir entender
Seu nome a se esconder

Ó luzes que brilham jamais
Porque não me ajudam a ver
O nome da minha amada
Que teima em se esconder

E nesses caminhos tenebrosos
Enquanto vagava a sua procura
Nos labirintos de sombras dentro de mim
Com outros nomes me iludi

E na ânsia de te achar, me perdi

E na noite que pairava ali esculpida
Eu estava cansado, por tantos nomes que me passaram na vida
E no mais impossível dessa situação inesperada
Ali estavam seus olhos -verdes- iluminando essa estrada
E pude ver nesse momento o nome que tanto procurava
Nas sombras de minhas memórias
Onde jazem segredos e vestígios dessa historia
Onde todo dia a mente, monta e remonta essa nossa vitoria



Já faz dias
que somente o corpo dorme
E a alma de insônia
em algum lugar se inflama

Aqui Fora os olhos brilham
e em algum lugar são só olheiras
Não sei se vaga aqui por fora
Não sei se olha rápido ou demora

Já faz tempo que não se aquieta
Ai que saudade do tempo que eras como criança
agora entre gritos e dança
faz de tudo aqui dentro lambança

E meu rosto não é mais espelho
Pois brilha e encena felicidade
Agora é máscara e maquiagem
e tudo que era importante agora é bobagem

Ai alma! Ai alma de bobagens!
Porque não se aquieta dentro em mim?
Ai alma! Ai corpo! Onde anda sua coragem?
Começa a desfalecer depois de tanta viagem - viagens -
Começa a se render à alma, jogou fora a maquiagem
esqueceu na estação a bagagem, anda tomando sereno e friagem
Agora também adoeceu, desfaleceu, quase faleceu
E na rua entre vagas vagando, tropas e atropelamentos... se encontrou!
É, entre pobres e mendigos se encontrou!
Corpo a alma se ajuntou
E por aqui numa calçada remontou o que sempre fui - quem sou