Não
eu não espero uma mão
que me busque ao cair

Não
não espero

Detesto bajulação
prefiro o escarro
o cuspi, o catarro

Deixo as frases
idiotamente bonitas para
Caio F. Abreu

As músicas
de quem não quer crescer
com Nando Reis

Estou com pés em terra
e a terra está em decadência
constante

PAREM!
Não me chamem de pessimista
nem me deem qualquer outro título

Quando buracos se abrirem
casas ruírem
não houver a quem chamar

quando as vozes se calarem
as águas secarem
e teus filhos te matarem

quando o amor acabar
e tudo quanto antes esperava
morrer

Aí então
teu grito não passará de silêncio
e teu choro
sim teu choro estará para sempre embargado

Não
agora não espero nada

E minto pra mim nesse instante
ao dizer que nada espero


Se ao sair do serviço
tudo que eu queria
era te encontrar em casa












Eu que era uma cara
de muitas palavras
descobri no silêncio
a minha essência

Eu que pensava
gostar de diversão
encontrei na solidão
muitas respostas

Eu que sempre falava
e falava de mim
descobri no outro
a razão de ser

Eu, que de mim
nada mais tenho pra dar
descobri
que posso ser outro

Eu que já não sou
quem aqui divaga
me perdi
e me encontrei em mim






Hoje olhei pra minha mão
sim eu sei
a vejo sempre
mas hoje olhei para ela

Senti o tempo
ele passou por ela

Tenho dedos esguios
unhas sempre por cortar
esses pelos que cresceram
em meus dedos também há pelos

Há também uma pequena queimadura
na verdade uma cicatriz

Ela fica (quase) sempre exposta
se suja
me ajuda
me adoece
se enruga
o tempo passa por ela
e hoje
meus olhos notaram

As manchas hão de aparecer
o sol, sim, ele mesmo
a manchará

As células não se recuperarão
ela notará isso
e meus olhos verão, espero

Minha mão tem veias em alto-relevo
e se elevarão mais
perderá aos poucos os pelos
as unhas, provável que continuem por cortar