O cheiro bateu forte
Era a morte
Enquanto os holofotes
se apagam
se acendem os clarões
que saem dos tanques e aviões


Sim!
Parece forçada a rima
como forçada é a vida
quando o que vêm de cima
é a despedida


E eu me penso morrendo
Sem saber porque
Respirando a toxina
que se alastra agora
por todos lados (vinda de cima)


E eu me sinto morrendo
e morrendo comigo
todos as coisas que faria
e muitos amigos
com as coisas que também fariam


O lacrimogêneo do brasil
é a mesma forma hostil
das armas químicas da síria
e morrem todos
aqui e lá
Guardadas as devidas proporções
das vidas perdidas
sem velório
sem honra, sem ao menos despedidas


Porque nos matam também
com pão e circo todo dia
e palhaços que somos
não notamos
a nossa própria decaída


Meu time ganhou
Meu time é eterno
a América é nossa!
E se riem de nós
em nossas calejadas costas
Você viu o gol?
Que golaço!
Foi de placa!
Enquanto enfiam em nosso peito
a nossa vista, a adaga!


Ah! Que pena que morremos vivos!
E morre conosco também nossos dons
Ah! Que pena que morrem respirando!
Ouvindo da guerra seus próprios sons


É Black Bloc, Fora do Eixo
Al-Qaeda, terrorismo, e Fascistas
Revolucionários
Reacionários
Neoliberais e Comunistas
Judeus, Gays, Árabes e escravistas
Árvores, fome
Evangélicos e exorcistas
Militares, Civis
Papa, Clero e ativistas
Green Peace, Talibãs
As Farc e chavistas
Globo, Mídia Ninja
Cariocas e Paulistas
Internet, Blogs
Redes Sociais e as revistas
Animais abandonados, gatos
Mulher pelada e motoristas
Eu e você, nós
a violência em mais uma revista
Tráfico, tráfego
desvios, falcatruas e petistas
Presidentes, ex-presidentes
Presidentas e legalistas
Maconha, Direita
Tucanos e autopistas
e pulso já não pulsa
E a alucinação já não suporta o dia-a-dia

Morrem todos!
Por gás
Por tiro

Do choro, de látex
Mortal, de chumbo


Morremos todos
de morte pior
Muito pior que Severina
Apocalipse zumbi
em todo mundo
em toda esquina
mortos-vivos
ou mortos na consciência
ou em mais uma chacina


E cada um com uma bandeira
já não vivem
apenas resistem
e o amor morre
nas mesmas bandeiras
preconceituosas e "progressistas"


E na síria
Europa
Laos e China
No Brasil
Estados Unidos
Ásia, Rússia
e conchinchina

Morrem todos
numa luta que não traz vida
Morrem todos
até deus
num adeus suicida














Tudo começou num dia 19
Tudo deu prosseguimento num dia 19
Tudo se encerra num dia 19

Hoje, pela manhã fazia 19 graus
Sexta, no relógio, marcava 9:19

19
1 e 9
Primeiro e último
alfa e ômega da minha vida

Dizem por ai que sou de extremos
Logo eu, que tento tanto o equilíbrio
Deve ser isso, por viver em extremos
Vivo de tentar o equilíbrio
1 e 9

Meu médico esperou 2 minutos
pra ter certeza que eu nasceria dia 19
00:02

Nasci no 1, extremo
Primeira hora do dia
Me persegue
Ou pra alguns, 1 hora do início da madrugada
Depende de quem vê
Extremos!

Sim! Não estranhem
Eu realmente gosto deste número

Deixem-me com minhas bobeiras particulares

Ah claro! Não creio em nada disso
mas confesso mais um vez
Gosto realmente deste número

Sou estranhamente metódico com coisas inúteis

Conto passos
faço trajetos imaginários
pra ver se corto caminho
andando em diagonal pelas ruas
desvio de passeios mais altos
pra andar menos
faço contas absurdas com números
pra chegar a um resultado específico
fico olhando detalhes de carros
todas as maçanetas
ou todos os painéis
para-lamas
para-choques
entre outras tantas bobagens como essas
meus "toc's"

Por fim e enfim
não sei até quando
essas coincidências persistirão
ou se de fato
eu as force
mais uma das minhas bobeiras
de achar padrões...

Por fim e enfim
Vamos brincar de pique esconde
Eu sou o Pêga
Deixa que eu conto
1,2,3.....9....19







Para todos aqueles que como eu
caminham agora
no vale da sombra da morte
e tem como horizonte
a terrível imagem
deste
o último inimigo a ser vencido


Além do mais
não há imagem alguma
apenas a incerteza

Não se sabe, a todo instante
o que se espera no próximo passo
Pedras? Abismos?
Não se vê nada
e de concreto nos resta
apenas a dúvida

Por insensatez talvez
não posso saber
continuo a caminhar
porque Tu estás também aqui
não vejo, não posso saber
mas não temo

Logo, talvez, esse vale
se torne em campo
e eu descubra
que entre vale e campo
não há diferença alguma
somente e apenas
meu modo de ver
porque Tu sempre estás...
mas agora, neste instante
não vejo





Faz morrer, herói pobre e maldito
cada gotícula de esperança
com atrocidade, escândalo e grito
entra nesta infame dança

O que espera de vós,
ó mais medíocre entre os soberbos?
Um fim triste e atroz
entre becos, imundícies e sebos

Dilacera cada fio dessa sua vã fé
exorciza sua bondade, toma forma de demônio
mostra para o mundo, quem é na verdade
da maldade e da arrogância, sinônimo

Expurga agora do seu coração
o que outrora eras bom
as coisas tolas do amor

Esforça-se com toda ingratidão
Herói banhado nesta maldição
irás morrer por essa dor






Às vezes, desconfio
que minha vida é uma brincadeira de mau gosto
ou um experimento malévolo
criado por mãos de gente doentia

Me parece, às vezes, que todos
todos ao meu redor
tem um dossiê sobre mim
contanto todos meus passos
e ansiosos para ver
a nova desgraça que me abaterá

Deve ser algum teste de resistência
Algo do tipo: Os limites do ser
Dai, outra questão me abate:
Eu sou alguém? Sou humano?

Fico envolto por olhares que não olham
por gestos e sorrisos que nada dizem
Começo a duvidar da natureza
Tudo parece plástico

Pior, sinto que meus pensamentos não são meus
me sinto induzido, enfeitiçado, traído

Os telefones desligados
as pessoas que não respondem
pressinto ser tudo proposital

Sou uma marionete com direito de pensar
ou, pelo menos, induzida a isso

De repente acordo
E tudo isso ainda, me parece real.







O caminho de volta
entre vagas e ondas revoltas
O caminho de sempre
por onde vago, displicente

Sentindo saudades antecipadas
de pessoas ainda não encontradas
Sentindo de alguma forma a falta
de tudo que não me falta

Por onde vou há cinco anos?
Um mistério, estranho...
Por onde vou que não me achas?
Me vês, sei. Disfarças...

Não estranharia
se dissesses me ver
Não estranharia, como não mais estranho
em não mais te ter

E vou, nesse caminho de volta
que procuro desde a infância
E vou, em passos bêbados
aumentando entre nós a distância

É que estou me reconciliando comigo
e com todo o universo
É que estou me reconciliando contigo
aqui, em meus versos

E acho, deveras
que nesse caminho
não me encontrarei mais contigo
ei de trilha-lo sozinho

E as vezes penso
não encontrarei mais ninguém
que seja mais que um amigo
alguém que queira trilha-lo comigo

É que vago displicente
incoerente
com minha própria ortodoxia
de ritos vazia
mas completa de sentido de vida

E ando amando os pássaros
as pedras
as árvores
a noite e o dia
E chorando pelas almas que se perdem
na completude de uma vida vazia

E comovido com as conversas alheias
ando em respeito continuo
por todas as vidas
que me surgem como grãos de areia
num turbilhão
partículas num furacão
que em todo tempo me rodeia

E ando
com a visão que outros tantos já tiveram
e voltaram, como volto
pra onde nunca estiveram
ansiando encontrar
tudo aquilo que também espero













Primeiro
veio subindo
em violência
Depois
Com a delicadeza das noviças
desceu
e rasgou minha pele
dilacerou meu tórax
e arrebentou meus ossos

Antes
elevava minh'alma
num frenesi que não notava o tempo
Agora
que as vísceras saltam
e a amargura fecha tudo
nesse cubículo chamado tristeza
cada segundo - dura uma vida
ao ponto que:
cada veia que estoura
cada centímetro de pele que se abre
cada migalha de osso que se desprende
é como uma sinfonia completa

Oh não!
Não me chameis cômico
nem dado ao drama
Maior dor é essa:
Ver rir
quem o punhal empurra
hora-a-hora
contra meu peito





Nos mais abissais poços de esquecimentos
onde moram os mais tristes e insones lamentos
ali guardei ao relento
minha vida, meu coração e todos meus pensamentos

Guardei escondido da luz, no escuro
debaixo de todo escombro, atrás de todos os muros

Resguardado de que alguém os veria
segui meu caminho por outras tantas vias
mostrando ao mundo essa mentira
que eu encenava e chamava de vida

E vivi
ou morri
e enfim
eu te vi
ou fui visto por ti

E nos mais repugnantes lugares
onde vermes se servem com seus manjares
onde idolatras cultuam seus altares
onde escondi também meus olhares

Me achei perdido dentro de mim
fugindo fugidio de ti

Os lugares
lúgubres
de mais espessa
e obscuras trevas
onde a luz não penetra
ali guardei
tudo que me resta

A luz
As trevas

Era dentro de mim
era quem era
quem sempre fui
todo esse poço
o esconderijo
o abismo
o nojo
era de dentro de mim
eu, o próprio esgoto

Nada escondi
estava a céu aberto
exalando por todos os lados
o cheiro podre e fétido

Escondi apenas de mim
Até que te vi
e me vi















Ando perdido, perdido
esquecido....
Sentem mais falta no mundo dos vivos
d'aqueles que estão falecidos
desaparecidos
e dos que deveriam ser esquecidos!

Ando pensante em pêsames pré-ditos
quando na vida fica o dito pelo não-dito

E andam falando que ando aflito
quando na verdade ando tranquilo

Minha jornada aqui nessa terra
não é de todas a mais bela
porque eu sei, não sou dessa esfera

E não me entendem quando dela
me despojo com os olhos naquela
terra-não-terra que me espera

Por isso pareço perdido
daqui, não sei os caminhos

Mas sei que caminho
num caminho estreito entre infernos e limbos

Voltando pra casa
pra tenra morada
da onde nunca quis ter saído
talvez por isso também
pareça perdido

Mas confesso aqui
mais uma vez
daqui sou apenas peregrino.








Eu não matei ninguém!
Eu poderia jurar
se disso tivesse certeza
mas com certeza
eu não posso ter

Quem sabe onde
caiu aquele projétil
atirado para o alto?

Quem sabe
se em um coração já dilacerado
ou em alguém (in)feliz
que na hora e lugar errado
parou, ou olhou para o lado?

--------- Esse tiro para o alto
------------------- palavras como dardos....

-Eu não matei ninguém!-

Mas agora que de novo
morro
poderia jurar que esse
mal agouro
são minhas palavras-balas
em retorno
em meu peito
em estouro
e é por isso que mais sofro







É notória a dor
impressionante a vida
essa surpresa constante
- encontros e despedidas -
a cura que alegra
a ardência da ferida.
Incrível e inescrutável
nossos caminhos
nesta então rua sem saída


São feitos planos
mapas e tantos atalhos
neste chão de idas e voltas
colcha de retalhos
onde me deito, me perco
descanso, me embaralho


E a cada dia
um passo em falso
com fé
me refaço, sou tudo, descalço...
Mais um passo
e não passo
de um cara
que quer parar
mas pede sempre
um cigarro
um abraço
um escarro
e cansado entro no carro
e lá fico... e lá paro






Eh!
A vida não foi
como planejada
E agora
que se passaram
os anos...
Encruzilhado entre:
Utopias, verdades e enganos

Há de se pensar
em uma saída
mesmo assim se sabe
não foi como planejada a vida

Se conforme enfim
com a realidade
quem sabe assim
haja alguma novidade
nesta caminhada que a cada dia mais cansa
seja isso um fio frágil
fino fio de esperança

Eh!
A vida se mostrou
mais dura, mais grave
mas por fim
há outra rota
como na cidade
sobrevoam sós
aquelas cinzas aves





Há um revolver
recostado em meu peito
e desde sempre
um projétil em meu coração

Há um revolver
encostado em meu peito
e há muito tempo
um projétil em meu coração

Há um revolver
e meu peito
um projétil
e meu coração

Há um revolver
contra meu peito
projéteis invadem
meu coração

Há revólveres
em todos os peitos
e projéteis ao invés
de corações

Meu peito é um revolver
e um projétil meu coração




Atormenta minha cabeça
minha peregrinação
olhos torpes, fatigados
olhando sempre pro chão

Se olho pro céu já é noite
sem estrelas, escuridão
E quando é dia , meu pescoço cansado
revolve de volta pro chão

Quando me deito, me deito de lado
as vezes cansado, as vezes não
me viro pra um lado, me viro pro outro
acabo virado com o rosto pro chão

Ando cansado e um pouco irritado
com essa paisagem sem variação
e temo que ando andando em círculos
seguindo minhas pegadas no chão

Se volto, meus rastros estão embolados
elevando em muito minha confusão
Desisti!
Mudei de estratégia
Cavei uma cova no chão

E morri como um covarde
nessa ousada e corajosa decisão
Melhor que olhar-te, eu que sou barro
é fazer parte de ti, chão






Ria-se de mim
ó Eterno
por me ver fugitivo de Ti
pois quando não quero
mais ser quem sou
ando por onde vou

Ria-se de mim
ó Deus
pelo fato de me ver abalado
pois ando atolado
afogado em meu próprio pecado
e sei
misericórdia queres
não holocausto
mas
não tendo
nem uma, nem outra
vou perecendo
mesmo ao Teu lado

Ria-se de mim
ó Criador!
Pois não sei
que já fui resgatado
da minha própria dor