Nos mais abissais poços de esquecimentos
onde moram os mais tristes e insones lamentos
ali guardei ao relento
minha vida, meu coração e todos meus pensamentos

Guardei escondido da luz, no escuro
debaixo de todo escombro, atrás de todos os muros

Resguardado de que alguém os veria
segui meu caminho por outras tantas vias
mostrando ao mundo essa mentira
que eu encenava e chamava de vida

E vivi
ou morri
e enfim
eu te vi
ou fui visto por ti

E nos mais repugnantes lugares
onde vermes se servem com seus manjares
onde idolatras cultuam seus altares
onde escondi também meus olhares

Me achei perdido dentro de mim
fugindo fugidio de ti

Os lugares
lúgubres
de mais espessa
e obscuras trevas
onde a luz não penetra
ali guardei
tudo que me resta

A luz
As trevas

Era dentro de mim
era quem era
quem sempre fui
todo esse poço
o esconderijo
o abismo
o nojo
era de dentro de mim
eu, o próprio esgoto

Nada escondi
estava a céu aberto
exalando por todos os lados
o cheiro podre e fétido

Escondi apenas de mim
Até que te vi
e me vi