porque e pra que?
eu perguntava a ela
não a ela, mas a minha alma
pois nem adiantava
pedi-la calma


nada queria saber
e a fome dela era destrinchar
e assim se machucar ainda mais
ja não se pode voltar atrás


queria porque queria se condoer
e mais uma vez se deprimir
mas não! Pra que?

Esta tudo sempre
a um toque ou clique das mãos
e eu perguntando pra que
dilacerar mais o coração?

por isso
decidi que não!

não me entendam mal amigos
é que são muitas vozes aqui dentro
remoendo!
mas eu disse que não!

decidi doma-la
não ela, mas minha alma
chega de dores
nem dois, nem mais um trauma!

sem mais perguntas
sem mais
afinal repito
já não se pode voltar atrás





coração transborda
ele é uma horda
de coisas doces e amargas
ele sorri, ele chora
Deus nele mora


é que anda quebrantado
pelo seu próprio quebranto
e ante alegrias e prantos
tenta não perder o encanto


o coração transborda
está cheio de graça
dessa esperança que não passa


o rosto tenta
mas nem ele disfarça


a alegria que chega
e nele faz morada
alegria do Eterno
a nada comparada


e me faz ver o sol, o dia
deixa a vida deslumbrada
mesmo quando na pressa
mesmo quando parada
mesmo quando os olhos
se enchem d'água


A Ele declaro todo meu amor
Ao Eterno
Pai, amigo, filho, mãe, criador
que me liberta das cadeias do tempo
me enche de alento
e me leva como o vento
sem saber de onde vem
e nem para onde vai


meu coração assim
liberto
estará sempre por perto
daqueles que decidam amar


andará sempre disposto
a enxugar seu rosto
das lágrimas que venha a derramar


para no fim
libertos de vez por todas do tempo
não haja um só momento
nem forças, nem tormentos
que venham nos separar





antes fosse labirinto
essas paredes que me cercam
quarto lúgubre, sombrio
frio, escuro, vazio


antes fosse labirinto
com opção de caminhos
mesmo que eu nunca chegasse
ao meu destino


antes fosse labirinto
com uma única saída
mesmo que eu soubesse
que era pura utopia
ainda assim melhor seria
do que esse quarto fúnebre
claustrofobia


não tenho pra onde fugir
nem para onde correr
não há luz
nem túnel
só uma lembrança
você


não há fuga
nem há planos
nem visitas
nenhum convidado
somente eu e minha alma
nesse quarto
blindado


antro putrefato esse quarto
exalando meu próprio pecado



antes fosse labirinto...
agora eu sei!
minha mente que alucina
a única vacina
pra te esquecer





morro
mas nem todo dia morro por completo
as vezes e sempre
morro ante esses versos

escrevo
sempre em terrível agonia
o coração que dispara no peito
arritimia

sofro
sofro da morte que escrevo
escancarada em meu semblante
alto-relevo

e vivo
dos versos que sempre me matam
dando vida aos poucos
que meus pobres versos acatam

e como sempre
há muito me desespero
pois morro todos os dias
é sempre o final que espero
mesmo que não seja por completo

pra ver se no fim
concluo o dilema
mas aumento muito ainda
o mesmo problema

esses versos que terminam
mas não findam jamais
a morte que é vida e me traga
me enchendo de vácuo, mais e mais





Seu caminho
cor de rosa
sôa bem
poesia e prosa

É tão feliz
flores em volta
borboletas coliridas
em prefeita escolta

Seu caminho
cor de anil
Sôa tão bem
canção infantil

É tão alegre
pássaros voando
peixes em festa
grilos cantando

Negro
negro é meu caminho
com ausência de cores
e presença de espinhos

Não é triste
mas faltam flores
me falta você
me faltam cores

Não é alegre
o céu é vazio
não estou com você
o mar é sombrio
sem peixes no lago
sem vida no rio

Mas há solução
vejo alguém
que não me deixa só
um dia saberás quem
transformou meu mundo
sem falar de ninguém





quando ele enfim descobriu
não era tarde demais
apesar de ja ter dito
a sentença: jamais

o sol não havia se apagado
e os dias continuavam a nascer
descobriu então
que havia ainda razão para ser

quando as manhãs nasceram
e ele ainda estava lá
descobriu que ainda havia motivo
e vontade para lutar

se encheu então de esperança
nunca mais disse que nunca mais
creu na ressurreição dos mortos
no eterno e não no "jaz"

sabia por si só
que nada havia acabado
mesmo parecendo morto
sepultado, enterrado

creu que tudo se fazia novo
que sempre era tempo para recomeçar
começava ali
a não mais reclamar

seguia desde então
um caminho cheio de novidade
recomeçando coisas não terminadas
ciente agora de sua capacidade

e terminando o que devia ser terminado
não tinha mais ressentimentos
se via como um novo homem
cheio de vida e sem desalentos

caminhava enfim
numa eterna contramão
contra um mundo de ambiguidades
preferiu viver pelo seu coração

que agora estava cheio de amor
cheio de esperança e de paz
sepultou a única coisa que devia ser sepulatada
sua antiga sentença: jamais