O que havia antes de nós?
Onde ficaram as memórias?
O que éramos antes de nós?
Quem éramos?
O que era?

Em algum lugar
Em algum momento
Onde se perdeu?

Quem antes reparou no tempo?
Quem foi o primeiro a dizer: antes?

Quem foi o primeiro a dizer?

E antes, o que havia?

Há um vazio
Dentro
Fora
Um vazio
Uma falta de ideias
Um branco eterno em nossa mente
O que havia antes?
Antes de nós?

Você era perfeita
Sublime
Exuberante
Ainda és

E por querer se repartir
nos gerastes
mesmo sendo perfeita
sublime
exuberante

Ainda és.

A violência e o caos
caminham em total delicadeza
Nos ensina em sua paciência
Se é que ainda aprendemos

És perfeita!
Sublime!
Exuberante!

Há um vazio em meu peito
Por não me sentir completo
Amargo em desrespeito
Me sinto um objeto
Mais como um dejeto
Por estar fora de contexto

Você que não se revolta
o mundo a minha volta
quer me dizer o contrário

Se explode em tamanha fúria
Não é a fúria que te explode
É que tenta arrumar jeito
Por ter, assim, tanto zelo
Pelo que és
e pelo que foi outrora

Há um vazio em meio peito
Por não me sentir completo
Amargo em desrespeito
Me sinto como que sem teto
Entre abismos sobre um graveto
Consome-me o desespero

O que havia antes de nós
senão o que é perfeito?

Perdoe-nos
por ser o que somos
ou o que nos tornamos
Se hoje a chuva já não nos alegra
A culpa é nossa
é do que as sua águas carregam

O que haverá depois de nós?
Onde ficará a memória?
Será o fim
Ou início
Da derradeira história