Por vezes me resta uma dúvida
afinal, quem é meu coração?
se em migalhas o estrassalho em momentos
em outro sou a ele, pura devoção

Quem escreve agora esse poema?
será que eu sou seu pseudônimo?
somos as vezes e sempre
sinônimos

Não sei...
é uma provável esquizofrenia
as vezes sinto que o digo
coisas que ele sempre dizia

Eu e meu coração
eu e meu coração
eu? Coração!

Ele faz suas escolhas
mesmo quando eu digo não
Ele parece mesmo comigo
somos um para o outro, essa eterna negação

Por essas e outras
concluo as vezes que somos um
mas a razão me diz
não! Nenhum!

Pareço me confudir
mas relembro a contradição
assim sou eu
dizendo sim quando não

As vezes me curvo
a sua aspiração
e me convenço
que ele não é só emoção
nesses momentos
entendo melhor
o que pra mim é razão

E vou
como sempre vou
nessa luta contra toda a razão
contra meu coração
essa luta que não escolhi
que me trouxe e me afastou de ti
essa temporal-eterna luta contra mim







É que no fundo
o que mais querem é serem felizes

Mas constroem arcas salvadoras
para se livrarem
da suas próprias tragédias

E a tragédia é essa

Sabe pois
a felicidade mora ai
Você é a arca

É que abandonaram há tempos o sentido
e sem sentirem
abandonaram-se

Volta agora pra ti
e regozija-se de ser
quem mais poderia ser você?

Trilha de costas essa estrada torpe

Alegra-te com teus próprios sorrisos
também pelos calos e rugas
faz da vida uma extensão do seu espírito

Não reclames mais
a não ser pelas derrotas do seu time
faça disso também uma piada

Chora sempre o choro da verdade
sabendo que o choro
é o princípio da cura

Trilha assim, logo depois de voltar
esse novo caminho
essa estrada dentro de si

Descobre os bons frutos
e delicia-se por ser
quem se é

Aprende também
a jogar pelos abismos da estrada
aquilo que encontrares de ruim

Olha sempre em teus olhos
até quando olhares pra outros olhos
vê que o outro faz parte de ti

Assim vendo
quererás para todos
o mesmo que queres para ti

É que no fundo
todos querem ser felizes
cumpre assim a sua parte, para ti e para todos








ao inverso
os olhos não se acustumam
complexo
e perplexo vou em frente

na contramão
vão passando rápido
em rota de colisão
mas vejo todos de frente

antagônico
a melhor opção
ser o melhor dos mundos
ser raso: eufórico
ser melancólico: profundo

universo
ao inverso nos meus versos
desdobro em membranas
desuno: multiverso

e reuno
todas as dimensões
em uma só palavra
de várias interpretações

vou andando
e meu pensamento
é a arma mais voraz
disposta e exposta
a um total rompimento

mas ainda assim
tão preso ao velho
e sempre mesmo mundo
do qual sou fragmento
me disfaço
me reinvento
as vezes como calor
as vezes como vento
as vezes como eterno
as vezes como momento
as vezes e sempre
como um utópico-verdadeiro sentimento