Ando perdido, perdido
esquecido....
Sentem mais falta no mundo dos vivos
d'aqueles que estão falecidos
desaparecidos
e dos que deveriam ser esquecidos!

Ando pensante em pêsames pré-ditos
quando na vida fica o dito pelo não-dito

E andam falando que ando aflito
quando na verdade ando tranquilo

Minha jornada aqui nessa terra
não é de todas a mais bela
porque eu sei, não sou dessa esfera

E não me entendem quando dela
me despojo com os olhos naquela
terra-não-terra que me espera

Por isso pareço perdido
daqui, não sei os caminhos

Mas sei que caminho
num caminho estreito entre infernos e limbos

Voltando pra casa
pra tenra morada
da onde nunca quis ter saído
talvez por isso também
pareça perdido

Mas confesso aqui
mais uma vez
daqui sou apenas peregrino.








Eu não matei ninguém!
Eu poderia jurar
se disso tivesse certeza
mas com certeza
eu não posso ter

Quem sabe onde
caiu aquele projétil
atirado para o alto?

Quem sabe
se em um coração já dilacerado
ou em alguém (in)feliz
que na hora e lugar errado
parou, ou olhou para o lado?

--------- Esse tiro para o alto
------------------- palavras como dardos....

-Eu não matei ninguém!-

Mas agora que de novo
morro
poderia jurar que esse
mal agouro
são minhas palavras-balas
em retorno
em meu peito
em estouro
e é por isso que mais sofro







É notória a dor
impressionante a vida
essa surpresa constante
- encontros e despedidas -
a cura que alegra
a ardência da ferida.
Incrível e inescrutável
nossos caminhos
nesta então rua sem saída


São feitos planos
mapas e tantos atalhos
neste chão de idas e voltas
colcha de retalhos
onde me deito, me perco
descanso, me embaralho


E a cada dia
um passo em falso
com fé
me refaço, sou tudo, descalço...
Mais um passo
e não passo
de um cara
que quer parar
mas pede sempre
um cigarro
um abraço
um escarro
e cansado entro no carro
e lá fico... e lá paro