E se há, não há quem o ache.
Perdi
Como diria meu amigo Wesley
Aliás, nem sei se tenho amigos
Perdi
Perdi as estribeiras
Mesmo que eu não saiba o que seja isso
Estribado em minhas elocubrações
Coisa rara, aliás
Não me sinto só
Foi-se o tempo de sentir
Seja lá o que se sente
Estou só
Ainda assim
(E demorei a entender que não era "ainda sim")
Sinto todos os flagelos da vida
Tela branca
Pedindo minhas palavras
Quando palavras não há
Tenho saudades do caderno
Da folha a4 escanteada
Do pedaço de papel qualquer
Mas tenho preguiça
De ir até o quarto
Ou até qualquer lugar
Onde haja ainda
Uma folha de papel em branco
Ou mesmo
Que seja
Como muitas vezes
Só um pedaço que coubesse meu lamento
Vítimismo
Frágil
Nunca poderei dar
Aquilo que esperam de mim
Covarde!
Já invejei os ignorantes
Mas não mais
Tenho asco
Mas tenho mais asco de mim
(Poderia ter escrito nojo, mas isso é uma poesia)
Isto é uma poesia
Não gosto da palavra poema
Isto é uma poesia
Pó
És
Ia
Ia
Ia
Ia (e isso não é um "L" minúsculo, mas um "i" maiúsculo)
Maldita tela
Onde está o papel?
Nele ninguém confunde meu L com i
Na verdade não sei
Não me lembro da minha letra
Na verdade me lembro sim
Mas ficou bonito mentir na poesia
Talvez seja o único lugar que eu minta
Ou talvez não
Eu me lembro da minha letra
De todas as letras que tenho
Culpa das professoras
Que me criticavam
Essa letra feia, ilegível
Criei, 5, 10 modelos diferentes
Mas quando escrevo
E escrever é somente poesia
Escrevo com a velha letra inimiga das professoras
Eu já devia ter tomado banho
Vou incomodar alguém
Mas importa se agora ou daqui a 2 horas?
Vou tomar banho, ainda ei te tomar!
Por ora (e que merda, esse "ora" é mesmo sem "h")
Vou fumar o cigarro
Cigarro que parei de fumar há um mês e pouco