Se passaram muitos anos desde então
não cronológicos
mas metafóricos
mesmo assim reais
e tais
anos foram longos
ditongos
sem fim

Dentro de mim
envelheci
algumas
não apenas uma
vezes
morri

E ainda assim
com forças
e forcas
muitas vezes
renasci

De volta agora
nessa hora
ao passado
de humor
bem humorado
me sinto engraçado
e agraciado
por ver
que cada um de vocês
guardaram
e guardam ainda
entre voltas e vindas
um sentimento
quase que ciumento
pela nossa amizade

E é verdade
que a felicidade
essa nossa
não me deixa vê-los como estranhos
pois apesar dos anos
e de tudo mudado
ainda trago guardado
no peito
de cada um, seu jeito
e a certeza
que tudo isso
por mais incrível
e efêmero que pareça
ficará aqui dentro
e direi que me lembro
em mais uma década
que passe
sem empasse
que jamais me esquecerei
de nenhum
nenhum mesmo
de vocês






Ai humanidade
quanto mais chega a idade
mais disfarçada fica a vaidade

É tudo mentira
E tudo me irrita

A verdade, que sempre o problema
é comigo mesmo
dava tudo
para estar no ermo

Acho que não tive crises
na adolescência
Agora que deveria ter me achado
não tenho um pingo de paciência

Talvez seja porque é sempre
o que a gente não quer
sempre o que a gente não quer
sempre o que der e vier

E minha vida vai assim
como esse poema
vai tecendo na poeira
vai ficando só sujeira
vou andando sempre na beira
sem saber onde é o fim
porque se está no meio ou termina
não importa, é sempre assim
sempre o que der
sempre o que vier