ando inconformado
com objetos estranhos que vejo
sentimentos que tomaram forma
vejo a silhueta obscura do beijo

e tudo tem se tornado estranho
a beleza do subjetivo
se perdeu na realidade
não me agrada aos olhos
os contornos da felicidade

e aquilo que sempre me pareceu
como absoluta verdade
não traz mais a beleza
oculta na subjetividade
se tornou escárnio pra mim
após sua materialidade

esses objetos
que agora me causam medo
eram antes disso
minha alegria em segredo
mas agora
depois que os vejo
ando enojado
envolto por desprezo

a vontade de fazer o caminho de volta
onde a beleza não se enxerga
mas esse é um dos espinhos
que a vida agora carrega

a brutal realidade
dos objetos que vejo
redobra ainda mais
esse mesmo desejo
de voltar nesse caminho
e arrancar da carne esse espinho

a atmosfera se tornou pesada
carregada por esses objetos
enchem todos os lugares
estão no chão, vão ao teto

por pouco já não vejo ninguém
só essas malditas formas que me cercam
e que começam agora a ter vozes
tornando-se meus cruéis algozes
bestas ferozes
que me manietam

agora só existem lampejos
do mundo que outrora via
estas bestas-feras horrendas
destruíram minha fantasia

pois vejo agora
só o sentimento que lateja
nos corações discrepantes
da humanidade
mas algo aqui dentro me fala
que não vejo a verdade
vejo apenas minha própria maldade

verdade é
que já nada vejo
as trevas tomaram conta da paisagem
nem em lembranças
sei mais o que um dia foi imagem
não há mais vozes
barulho total - silêncio
tão somente essa linguagem

e eu aqui perdido
não sei mais se sou eu
ou toda a humanidade
que anda perdida em si mesma
imersa na própria vaidade


One Comment

Anita dos Anjos disse...

Oi Jônatas!
A vaidade é um dos sete pecados capitais... E as pessoas estão sempre em busca da tão sonhada perfeição! Quem a definiu?
Belo poema!!!!!
beijinho bye bye
Anita do diarios-do-anjo.blogspot.com