Há noites sem lua
escuras, dunas
ainda mais noturnas

Dias nublados
cinza, tablado
ainda mais calado

Há noites mais frias
vazias, tardias
ainda mais minhas

Dias secos
ecos, esqueletos
me perco

Pássaro que voa só
Moinho sem mó
Dor sem dó

Árvore de rua
Rainha nua
Minha vida, sua

Essa vida que é morte
Poesia que é sorte
Labirinto que é norte

Beleza que é prisão
Choro sem emoção
Grito da multidão

E um sentido
sentido por poucos
chamados de loucos

Que acreditam no perdão
Que amam com emoção
Perdem sem perder a razão

Há noites sem luas
mas nunca e nunca
noites que não possam ser sua

Há choro sem dor
e por mais que seja demais, jamais
Vida sem amor