o sol que entra pela janela
as flores que crescem no concreto
as pessoas que vivem no deserto
ainda são as fontes da esperança
são como sorrisos de criança

o cantar do galo na cidade
os latidos dos cachorros pela madrugada
os gatos que brincam nos telhados
me dão a singela impressão
que ainda pode haver canção
canção que não fuja dessa simplicidade

o coração inquieto no peito
de alguma forma de saudade
me faz crer
que ainda existe vida na cidade

é que sou desses tipos estranhos
que se impressionam com futilidades
me interessa muito mais
um sorriso do que a brutalidade
o suor do que a facilidade

é que ando desacreditado
de tudo que me fizeram crer
casa-carro-dinheiro
mulheres, o mundo inteiro!

é que tenho tido contentamento
naquilo que é desprezado
os pobres-excluidos-viciados
e é assim que me sinto
e me sinto muito bem-obrigado

é que tudo anda perdendo o valor
se valor um dia tiveram
ando como quem anda pelo tempo
procurando como quem procura alento
mas encontra sempre vento

o cachorro, o gato, a flor, o sol
são a prova que nem tudo está perdido
e a Deus eu faço esse pedido:
que eu possa sempre me encontrar arrependido
já não me importo de ser esquecido
se para alguns sou querido
mesmo mal compreendido

que ele me faça andar
não como quem anda no tempo
mas com o pé e alma na eternidade
para ver se ainda posso levar alguns a crerem
que existe um pouco de vida na cidade


One Comment

Anita dos Anjos disse...

Jônatas... Lindo, lindo...Sim há vida na cidade!!!!!!!! Abro meus olhos todos os dias para o cachorro, gato, flor, sol, mar, crianças brincando de pique, etc... Pequenas coisas singelas! Adorei a poesia! Olhares parecidos...
Mil Beijos, bye
Anita do diarios-do-anjo.blogspot.com