quanto dessa desilusão ainda carrego
por becos que vago na vida
como um cego

a gente transforma isso tudo em vida
pra no final do beco descobrir
rua sem saída

e a imagem que não sai da cabeça
são desses tijolos e sua voz dizendo:
disso nunca se esqueça

e essa maldição ressoa como um eco
martelo que bate na mente
esse prego

e o silêncio vai se tornando em castigo
e a solidão que era boa
virando perigo

quanto da sua ausência ainda trago em mim
buraco negro de quem nada escapa
sem fundo, sem fim

e a gente transforma essa queda em diversão
se auto-enganando, esquecendo
que existe um chão

e essa certeza no fundo lateja
que o chão vai chegando, na esperança
que você lá esteja

por onde andas
nos momentos que vago por becos
por buracos que não acabam mais?
por onde andas
se me penso na frente
não vendo que estou sempre atrás?

onde está sua imagem
que me trazia alegria
pra me nortear nesse escuro?
Desisto!
é sempre a mesma resposta
no fim dessa via esse muro

e caminhando de volta
descubro o caminho que nunca passei
esperando como quem nunca espera
uma sentença num mundo sem lei