Agosto
agosto
seu rosto
agora impresso dentro de mim
escrevo
não quero
preciso
as palavras aliviam
elas criam
mundos pra mim

Agosto
agosto
me trouxe um dia aqui
e comigo vieram
tristezas
alegrias
e o que mais pudesse vir

Agosto
agosto
quem sabe se foi em agosto
que realmente nasci?

Era meia noite
de dores de parto
sofria por mim

E viu-se indo
mas ainda lutava
para me parir
e de amor
a morte
não era nada
porque mais que a si
me queria ali

Agosto
seu rosto
não me lembro se vi
mas o seu abraço
sua voz
um laço
que sempre me acalma
quando perto de ti

Agosto
agosto
quantos agostos
eu trago hoje no rosto?
E o documento
que trago no bolso
não diz a verdade
de quantos agostos vivi

Agosto
agosto
não acabe nunca
fique por um século
não tenha fim

Porque se tu vais
vem sempre o desgosto
o gosto do mosto
o cheiro do mofo
e a vontade inebriante de partir

Agosto
agosto
se estenda
como logos
para que eu sempre seja a criança
a que dela é o reino
a que eu sempre quiz