Correram as águas
passaram
passaram por mim
as águas mansas
as águas mansas do fim

Senti o cheiro do tempo
do musgo, da poeira, da ferrugem
e do tempo que não se pode sentir
Senti as águas passarem
as águas correntes do fim

Olhei para o sol e era tarde
o ocaso caiu sobre mim
o horizonte ainda mais distante
distância que não se pode medir
Molharam meus pés essas águas
As turbulentas águas do fim

Sentei-me nas cinzas da vida
No escuro já tão eminente
no escuro onde me vi
batizei-me nas imóveis águas
nas águas profundas do fim

Renasci

Para saber o que sempre se sabe
que por todo tempo iludi
estive imerso
imerso e respirando
das águas
as águas
as infindáveis águas do fim