é a morte que se morre todo dia
em nossa face
euforia

tráfego - parado
trânsito - parado
tráfico - lotado

boates - lotadas
bares - lotados
verdades - paradas (pela metade)

saia curta
blusa branca
a mesma marca
o mesmo refrão

escritório
empresa própria
concurso público
a mesma prisão

balada - manada
salário - otário - trabalho

é a morte que se morre dia-após-dia...
atrás de nossos muros (nossas mesas, nossos sorrisos, nossos balcões)
melancolia

e eu que também não sou feliz
o que digo?
é o que ouço... será mesmo o que se diz?

padrões estéticos
patéticos
espelho
mas não vejo...

padrões - patrões - ladrões
sua raiva
seu ódio
sua crítica
e você? vítima (?)(!)
sua raiva descabida
seu ódio bisonho
seu sonho!

E no fim, foram felizes os que ganharam dinheiro (?)
mataram
pisaram
torturaram seus irmãos

comeram
jantaram
e se alimentaram
dos próprios irmãos

fuderam
degladiaram
e amaram
seus irmãos

se lamberam
gozaram
com suas próprias mãos

sarraram
humilharam
estupraram seus irmãos

mansão - avião - solidão
medo - riqueza - munição

barraco - buraco - solidão
medo - pobreza - munição

passageiros todos de uma mesma embarcação


seja verdade ou refrão
seja feitiço ou unção
seja santo ou cidadão
seja rico ou ostentação
seja rolé ou invenção
seja favela ou barracão
seja aluguel ou mansão
seja vandalismo ou intervenção
passeata ou agressão
consciente ou povão
honesto ou ladrão
seja sábio ou vacilão
salto alto ou pé no chão
se nesta lista ou não

todos no mesmo barco
com tantos lados
remando
cada qual numa direção

que águas são essas?
quem me colocou neste barco?
neste charco?
nesta situação?

quem está do meu lado?
quem rema pro lado contrário?
quem toma a decisão?

e esses braços cruzados?
esse olhar perdido?
essa feliz desilusão?

quem são vocês?
quem sou eu?
o que é essa embarcação?

"quem tem os mapas? qual é a direção?""

um sentido?
um horizonte?
uma visão?

me (des)iludo
não remo
e agora
não mais mudo

















One Comment

Henrique Coral disse...

Boa Jão!!