Uma pedra cai
e me esmaga
uma pedra
e a vida se acaba

veio derrepente do céu
sem tempo de reação
uma pedra
eu e o chão

meus amigos olhavam
perplexos
uma pedra
sem tempo pra reflexo

e agora
eles e eu
uma pedra
adeus

era um sonho
é real
uma pedra
o final

foi uma visão?
profética!
uma pedra
fim de uma vida patética

banhada de sangue
de ossos e víceras
essa pedra
sou eu, intrínseca

meus amigos ali
ainda sem reação
essa pedra
mais um filho de abraão?

eu estava ali
entre a pedra e o chão
mas agora só pedra
mutação

e meus amigos ali
absortos, inertes, sem reação
se não clamarem
as pedras
clamarão

foi posta ali
como angular
também uma Pedra
a me anular

quem caí sobre ela
fica em pedaços
e sobre essa Pedra
hoje me refaço

e aquele sobre quem
ela cair
ao peso da Pedra
nada irá resistir

e foi assim, cai
virei pó, fiquei em pedaços
mas sobre essa Pedra
construo, me faço

quando caiu sobre mim
parecia alheia
essa Pedra
demoliu minha casa na areia

agora construo
pedra sobre Pedra
sobre essa Pedra
que nada quebra

veio uma pedra do céu
me esmagou, aflição
quebrou o que era pedra
meu coração

veio uma pedra do céu
que me dilacerou, alarme!
meu coração que era pedra
agora é carne

Veio uma pedra do céu
e peço, amigo não chore
agora sou pedro, sou pedra
Ele açoita aos que escolhe

Uma pedra caiu
e me esmagou
uma pedra
agora é o que sou


2 Comments

Anônimo disse...

Que bacana... Viajei igual a voce no texto que teci no face rs... Que construção mano.. Minha reverencia...
Nathália Carvalho.

Anita dos Anjos disse...

Oiiiiiiiiiii... de novo!
Este poema é bem intenso! Gostei!


Anita do diarios-do-anjo.blogspot.com